Aquele homem sentado
olhando o mundo
com o semblante apagado
não é um vagabundo
parece cansado
Das indefinições da estrada
na terra envelhecendo
sem querer quase nada
precisando de quase tudo
No olhar perdido
reconhece a fadiga
nos lábios quietos
os sussurros incompreendidos
As mãos enrugadas
já não mais apalpam
os sentidos da carne
que outrora carícias abrigavam.
Não sei se maltratado
belo ou calejado
alinha-se na exata medida
que por certo o domina
em seu discreto equilíbrio
Sabendo de quase tudo
sem poder dizer quase nada.
Anna Dulce Pelajo
ela estava ali, verdinha, verdinha
sozinha, sensível, delicada, demorada…
assim como quem não olhava pra mim
era exatamente o que o seu olhar disfarçado
se esforçava em esconder:
não queria revelar o quanto tinha se apaixonado por nosso jardim.
Anna Dulce Pelajo