quarta-feira, 23 de outubro de 2024

O VELHO




Aquele homem sentado
olhando o mundo
com o semblante apagado
não é um vagabundo
parece cansado

Das indefinições da estrada
na terra envelhecendo
sem querer quase nada
precisando de quase tudo

No olhar perdido
reconhece a fadiga
nos lábios quietos
os sussurros incompreendidos

As mãos enrugadas
já não mais apalpam
os sentidos da carne
que outrora carícias abrigavam.

Não sei se maltratado
belo ou calejado
alinha-se na exata medida
que por certo o domina
em seu discreto equilíbrio

Sabendo de quase tudo
sem poder dizer quase nada.


Anna Dulce Pelajo

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